Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

Fazia muito silêncio, às vezes,
Seus olhos se perdiam na tristeza
Os minutos se tornavam mais lentos
A noite nunca adormecia

Quando uma gota de chuva
Caía dos seus olhos úmidos
Abria uma fenda no meu peito duro
Agredido pela ação do tempo

Caminhávamos perdidos, em solidão,
Pelas ruas do nosso amor
Procurando alguma parte nossa
Alguma coisa que restou

Uma saudade enorme me vem
De você sonhando com a vida
Do amor guardado pra mim
De nunca pensar que haveria o fim.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A Alma Boa de Setsuan é uma peça de Bertolt Brecht, concluída pelo autor em 1940. Conta a história da prostituta Chen Tê, considerada pelos deuses como a única alma boa da pequena e miserável cidade de Setsuan.

Chen Tê consegue sair da prostituição, graças ao pagamento de gratidão que recebeu dos deuses, e compra uma pequena tabacaria. A partir do momento em que se instala no seu comércio, ela passa a receber visitas pedindo ajudas diversas, desde pouso na sua loja, até mesmo comida.

O decorrer da peça mostra uma sociedade impregnada de trapaças, corrupção, mentiras e outras inúmeras maldades que os personagens ostentam. E é impressionante como Chen Tê acaba por se deixar ser explorada por essas  pessoas de Setsuan, a ponto de não conseguir fazer o bem a si própria e chegando a ponto de entrar em ruína total.

Um misterioso primo aparece por vezes para socorrer os negócios de Chen Tê, e salvá-la das garras da gente maldosa de Setsuan, que se comportam como verdadeiros parasitas em relação à bondosa comerciante.

Por fim, Brecht mostra como é difícil se manter bom em meio a uma sociedade podre, que respira maldade. A alma boa faz um esforço enorme para se manter assim, porém, cada vez mais ela vê que é muito difícil se manter boa para com os outros e também para consigo mesma. Seria egoísmo pensar um pouco mais em si mesma?

Hoje, no Brasil, o que se vê nas redes sociais, diariamente, só para citar um exemplo, é uma exposição de maldades que a tela do computador permite que sejam expressas anonimamente.  Mas o aproveitar-se do outro em favor de interesses próprios pode acontecer em qualquer lugar, desde o ambiente familiar até o trabalho, passando pelas ruas e pelas nossas instituições. Teríamos nós uma Chen Tê escondida e sufocada por aí? Talvez. Brecht nos encarrega de dar à alma boa um final decente. Seremos capazes?

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A Morte do Caixeiro Viajante é uma peça escrita por Arthur Miller, que estreou nos EUA em 1949, rendendo-lhe o prêmio Pulitzer daquele ano. É sua obra prima e, consequentemente, sua peça de teatro mais montada até hoje. Foi também adaptada para o cinema.

A peça conta a história de Willy Loman, um caixeiro viajante que passou a vida viajando para vender os produtos da companhia em que trabalhava, e que, de repente, começou a se ver velho, cansado, e com os filhos perdidos na vida, sem muita perspectiva de futuro.

Willy acreditava que se as pessoas gostassem dele e se ele conseguisse usar do carisma para convencê-las, poderia ser uma pessoa de sucesso. Foi o que ele ensinou aos filhos, Biff e Happy. O primeiro era superestimado pelo pai, que achava o garoto um fenômeno de carisma e por isso seria a tradução do próprio sucesso.

Porém, passados os anos, Biff está perdido, não consegue se firmar em nenhum emprego, e vive tendo momentos de conflito com o pai. Willy não entende qual a razão de o filho não ter se tornado um sucesso. Toda a fantasia que alimentara em sua vida vai por água abaixo.

Willy talvez tenha falhado em acreditar que o carisma, a bela aparência e a estima das pessoas eram suficientes para se construir alguma coisa na vida. Por isso a sensação, em alguns momentos, de que ele é muito orgulhoso e arrogante, e que um pouco de humildade teria sido útil na construção dos seus sonhos.

Hoje, nessa atual crise no Brasil, muitos de nós nos sentimos perdidos, com os sonhos ameaçados. Os Loman nos mostram que é preciso mais do que a aparência para enfrentar as adversidade e construir aquilo que queremos pra nós, seja em nível de país, seja no plano individual. Um sorriso bonito, uma maquiagem bem feita, gestos de simpatia, uma crença, nada disso é suficiente pra concretizarmos as verdadeiras mudanças. É preciso algo mais. É preciso ir à luta!

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