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Por Jackson Melo

Depois de uma longa espera no pá¡tio do hospital, Júlia descobriu que seu filho Pedro estava com uma grave doença e que seu tratamento seria intenso. A boa notícia é que seu filho ficaria bem.

O medo do doloroso processo de cura que se aproximava tomou conta de Júlia, que entrou em desespero, assim que o médico deu a noticia.

Ricardo, que passava por ali, notou a situação da pobre moça e quis saber a razão. Assim que soube, abraçou-a e pediu que ela enxugasse as lágrimas e corresse abraçar o seu filho. E Ricardo contou a Júlia o motivo da sua comoção. Acabara de perder o filho recém-nascido e a esposa em parto de risco. Júlia ficou tocada. Ricardo disse que estava triste, mas que seu coração estava reconfortado, pois desde que ele soube do risco do parto, não mediu esforços para cuidar da esposa. Esteve sempre a seu lado. Tirou do bolso, então, um maço de cigarros e disse a Júlia que precisava fumar. Ela rapidamente ofereceu-lhe uma caixa de fósforos, ascendendo ela mesma o cigarro. Ele agradeceu e se despediu. Enquanto observava o rapaz indo embora, Júlia prometeu a si mesma que guardaria aquele palito de fósforo como um sinal de fé, até que seu filho superasse a doença. Mas, na saí­da do hospital, Júlia perdeu o palito, encontrado, depois, no bairro Santa Casa, em Passos/MG.

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2016-05-24 15.15.16

Por Alex Ribeiro

Nas noites de festas dessa região de Minas Gerais, os fogos de artifício são utilizados para celebrar o momento de alta alegria, ou de alto significado sagrado para as pessoas que os usam.

Havendo numa pequena casa de periferia uma linda criança, que a cada dia descobria algo novo nesse vasto mundo, ela simplesmente adorava as cores dos fogos que iluminavam um céu um pouco distante. No seu lar, numa das pontas mais longí­nquas da cidade, a criança levantava os braços e tentava buscar aquelas luzes efêmeras, no céu.

O pai, vendo o esforço da criança em alcançar aquelas explosões de luz, sorriu com ternura e perguntou a ela o que estava fazendo.

A criança respondeu que era bonito, queria guardar. O pai, então, orgulhoso daquela sensibilidade de criança, disse que no dia seguinte eles iriam conseguir.

De manhã, o pai toma a criança pela mão e caminha até um canteiro de flores. Lá o pai diz à  criança: ontem você viu flores no céu. Aquelas flores nascem e morrem rápido, por isso ninguém consegue pegá-las, mas aqui, no canteiro, nós temos flores da terra, que demoram a nascer, mas que ficam lindas por muitos dias. E tem mais uma vantagem, elas são perfumadas, você pode sentir o cheiro, elas são macias, você pode encostar nelas a sua pele.

A criança logo respondeu que queria ter muitas flores. De novo, o pai sorriu. Respondeu, então, que ela precisava plantar suas flores, cuidar delas, para que elas pudessem crescer com exuberância. Como uma criança.

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palito do picole

Por Jackson Melo

Depois de muito amor compartilhado entre Norberto e Valéria, o que sobrou foi um palito de picolé pisoteado, encontrado na Avenida Arouca, em Passos/MG.

A doce jovem recebe telefonema do seu amado e aos suspiros se deleita do bom som da sua voz. Ele, desajeitado com as palavras, mas todo feliz, diz a ela que os dois precisam conversar. O encontro foi no centro da cidade, Praça da Matriz. Ela chega com seu picolé de morango, seu favorito, ansiosa por saber do motivo de tanta felicidade do seu amado. Ele vai direto ao ponto e, sem perceber, golpeia o coração da jovem com a noticia de que está indo embora para Belo Horizonte. Fazer o que lá? Estudar. A garota, entristecida, deixa o picolé com sabor de beijo de morango cair na calçaada. E pergunta a ele como ficariam os dois. Ele, sem pensar duas vezes, diz que agora não existem mais os dois. É apenas ele e seu caminho de estudos. Decidido, Norberto se retira, pisoteando o picolé já todo machucado da queda.

Por que o palito fora encontrado na Avenida Arouca, lá embaixo, se Valéria o deixara cair lá em cima, na Praça da Matriz?