Por Alex Ribeiro
Solness, o Construtor é uma peça de Ibsen do final do século XIX, que conta a história de um construtor muito bem sucedido, que constrói lares para que as famílias possam viver neles. Mas que receia a vinda da mocidade, que pode lhe fazer perder o lugar de maior construtor.
Solness tem um escritório de arquitetura, onde emprega um jovem promissor, Ragnar. O jovem arquiteto pretende seguir a carreira no seu próprio negócio e, assim sendo, pede a permissão de Solness para que possa construir uma nova casa, da qual ele projetara os desenhos.
Solness se vê pressionado e reluta em liberar o funcionário, pois sabe do talento do rapaz (que o rapaz tem) e teme que essa “mocidade” tome o seu lugar, que já há algum tempo conquistado por ele. No entanto, o aparecimento da jovem Hilda encoraja Solness a deixar o espaço livre para o rapaz seguir seu caminho.
A personagem Hilda, jovem e cheia de sonhos, contrasta com Aline, esposa de Solness, que vive em permanente melancolia por dores do passado. Hilda tem papel fundamental em alimentar em Solness a força para continuar a construir e enfrentar seu medo de altura.
Solness está finalizando sua nova casa e nela tem uma bela e imensa torre. Torre esta que, na inauguração, receberá uma bela coroa no seu ponto mais alto. A coragem que Hilda lhe inspira faz com que Solness suba os andaimes para colocar a coroa, mesmo que Aline insista para que ele não o faça. É a força da mocidade, leia-se futuro, superando o peso do passado.
A peça teve inúmeras montagens e perdura ao tempo pelo ótimo dramaturgo que Ibsen foi. Porém, ao se chegar ao fim a peça, deixa a sensação de que algo faltou, que a história se passou e não causou o impacto que esperávamos dela. Afinal, é apenas uma peça descritiva de algo que se passou com o dramaturgo, de maneira simbólica? Daí, talvez, vejamos um limite com o qual nós mesmos nos deparamos por vezes em nossas próprias vidas, algo que precisa ser rompido para que possamos nos transformar, dar passos adiante na nossa própria história, mesmo que já estejamos assentados naquilo que construímos por toda a nossa vida.
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