Por Alex Ribeiro
Tão pequena aquela menina
Que saiu do interior, do dia-a-dia
De ser sempre prendada
De lapidar a dona de casa
Foi pra cidade grande
Onde o progresso se expande
Sem saber como lá é
Mas com o peito cheio de fé
Nunca vira o céu cinzento
Tal como daquele cruzamento
Um cruzamento tão famoso
Que ela ouvira com Caetano Veloso
Na metrópole quis florescer
Um universo diferente conhecer
Ter no seu ser delicado
Um conhecimento jamais esperado
Mas encontrou muito mais
Grandes desigualdades sociais
Muitos corpos para todo lado
Sem coração, ou com ele gelado
Em certas noites se encolhia num canto
Onde corria um riacho de pranto
A saudade batia num bumbo febril
Que repulsa desse mundo tão vil
Às vezes parava sob o pergolado
Olhando aquele trânsito parado
Imaginava um trem chegar na estação
Levando-a pra Minas num só coração
Toda noite sonhava a Neide Maria
Com amanhecer melhor o outro dia
E assim levava com esperança
Ou saudade do tempo de criança.