Por Alex Ribeiro
No fim o que restou?
Sentou desolado na sarjeta
Seu espírito parecia dilacerado
Algo que se havia furtado
Que deixara um vazio sem nome
Nunca em toda sua vida pensara
No que lhe ocorrera naquela noite
Esperava de todos uma pedra
Mas o que houve o deixou perturbado
É fácil pensar que seu inimigo
Munido de injúrias e com a bile atacada
Soltasse contra ele dardos
Envenenados de inveja e asco
Aguardava que a amante,
Mulher a qual abandonara na cama,
O difamasse das botinas ao chapéu,
Com a boca salivando ciúmes
Mas seu amigo?
Ele que acompanhara suas dores
Que perambulara pelos bares consigo
Encharcando sua alma?
Esperava que sua mãe lhe lavasse a cara
Que seu irmão o surrasse na rua
Que sua mulher lhe enfeitasse os cornos
Mas nunca, nem em sonho mal sonhado,
A traição de um amigo.
E no íntimo de sua desolação
Na mais profunda indignidade
Só lhe sobrou, desamparado,
O abraço do cachorro.