Por Alex Ribeiro
A Alma Boa de Setsuan é uma peça de Bertolt Brecht, concluída pelo autor em 1940. Conta a história da prostituta Chen Tê, considerada pelos deuses como a única alma boa da pequena e miserável cidade de Setsuan.
Chen Tê consegue sair da prostituição, graças ao pagamento de gratidão que recebeu dos deuses, e compra uma pequena tabacaria. A partir do momento em que se instala no seu comércio, ela passa a receber visitas pedindo ajudas diversas, desde pouso na sua loja, até mesmo comida.
O decorrer da peça mostra uma sociedade impregnada de trapaças, corrupção, mentiras e outras inúmeras maldades que os personagens ostentam. E é impressionante como Chen Tê acaba por se deixar ser explorada por essas pessoas de Setsuan, a ponto de não conseguir fazer o bem a si própria e chegando a ponto de entrar em ruína total.
Um misterioso primo aparece por vezes para socorrer os negócios de Chen Tê, e salvá-la das garras da gente maldosa de Setsuan, que se comportam como verdadeiros parasitas em relação à bondosa comerciante.
Por fim, Brecht mostra como é difícil se manter bom em meio a uma sociedade podre, que respira maldade. A alma boa faz um esforço enorme para se manter assim, porém, cada vez mais ela vê que é muito difícil se manter boa para com os outros e também para consigo mesma. Seria egoísmo pensar um pouco mais em si mesma?
Hoje, no Brasil, o que se vê nas redes sociais, diariamente, só para citar um exemplo, é uma exposição de maldades que a tela do computador permite que sejam expressas anonimamente. Mas o aproveitar-se do outro em favor de interesses próprios pode acontecer em qualquer lugar, desde o ambiente familiar até o trabalho, passando pelas ruas e pelas nossas instituições. Teríamos nós uma Chen Tê escondida e sufocada por aí? Talvez. Brecht nos encarrega de dar à alma boa um final decente. Seremos capazes?
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